Deserto


O que é o deserto, se não tua ausência?

Caminhar, sem ter tuas mãos para me ajudar,

Dormir, sem ter teus conselhos pra me acalmar.

 

É ter água e não poder beber,

É ter pão e não poder comer,

O deserto nada mais é que viver sem você!

 

Não é mesmo natural!

Querer que o dia amanheça,

Antes mesmo que anoiteça,

Pela esperança de vê-lo chegar!

 

Caminho, caminho...

O tempo não passa!

E tudo vai perdendo a graça,

Neste longo caminhar.

 

Sua ausência escaldante,

Faz-me ver tua imagem,

Como a mais linda miragem,

E eu sem poder tocar.

 

Como pode o amor não poder amar?

Não é só de amar, que esse amor precisa!

No deserto, contenta-se de ouvir falar,

Refrigera-se só de lembrar, sacia-se de imaginar.

 

E neste deserto escaldante,

Tua falta alucinante,

Como um ébrio faz-me balançar,

Tão real essa miragem, que não quero acordar,

 

Teus braços um abrigo,

O oásis que preciso pra viver e descansar,

Mas tua presença é ausente,

E este meu coração insiste em delirar!