ESTRELA CADENTE
E eu caminhava pela estrada de chão,
Que ia cortando o vale e os morros tão perto,
Eu pisando o barro da estrada crua em cada passo,
Que se ia estreitando ao longe, perdendo-se da vista.
Lua branca no céu, clareando todo caminho,
Formando sombras que até faziam medos,
E o céu salpicado de estrelas me seguia,
Diamantes reluzentes pregados no teto do mundo,
Cintilando mais luzes, pintando a noite de mistério.
Olhos na estrada que seguia ainda longe,
Pensamentos viajando naquele céu encantado
Vagando entre as estrelas, ora descansando na lua,
Buscando no peito o poeta, então quieto, sem verbos.
Céu também quieto, aninhando a lua,
Estrelas espalhadas desordenadamente,
E a brisa da noite tocando meu rosto,
E eu caminhava e me embebedava em êxtase.
E exatamente quando pensei em ti,
E a desejei ali comigo, caminhando assim,
Olhado comigo o céu tão lindo, a lua tão nua,
Uma estrela se revolta e se faz cadente,
E corta o céu num risco de fogo,
E vai se esconde atrás do morro,
E lá fica, só espreitando meus pensamentos,
Talvez chamando todos os anjos,
Para benzer as minhas lembranças tuas.
EACOELHO