curiosidade.
corações são envelopes-
encontrei o seu no chão,
derrotado, na vala.
(e então a adrenalina
envenenou minhas
veias, e minha respiração
perdeu o ritmo na esperança
de encontrar algo de valor.)
"humanos são seres sem salvação," pensei
sombriamente.
"nossa natureza é
tão egoísta;
meu Deus!"
eu o peguei apesar
da crítica recém-mencionada
(não me chame de hipócrita,
curiosidade e paixão sempre
devoraram a minha razão.)
abri-o com dedos trêmulos.
estava vaz-
seu coração estava vazi-
seu coração estava vazio, garoto.
decepção me encharcou
como a água do mar
(lembrança da nossa viagem
ao litoral, claro.)
joguei seu coração de volta no chão
e o deixei lá sem pensar
duas
vezes.
"mas, apesar disso," sussurrei,
paracendo irritada
aos transeuntes,
"aprendi algo sobre o amor.
todos os corações te dão falsa esperança,
e então levam até mesmo ela e tudo o mais,
deixando-o amargo."
sorri e depois disse com firmeza:
"nunca pegue corações nas ruas;
você não sabe
de onde eles
vieram."