curiosidade.

corações são envelopes-

encontrei o seu no chão,

derrotado, na vala.

(e então a adrenalina

envenenou minhas

veias, e minha respiração

perdeu o ritmo na esperança

de encontrar algo de valor.)

"humanos são seres sem salvação," pensei

sombriamente.

"nossa natureza é

tão egoísta;

meu Deus!"

eu o peguei apesar

da crítica recém-mencionada

(não me chame de hipócrita,

curiosidade e paixão sempre

devoraram a minha razão.)

abri-o com dedos trêmulos.

estava vaz-

seu coração estava vazi-

seu coração estava vazio, garoto.

decepção me encharcou

como a água do mar

(lembrança da nossa viagem

ao litoral, claro.)

joguei seu coração de volta no chão

e o deixei lá sem pensar

duas

vezes.

"mas, apesar disso," sussurrei,

paracendo irritada

aos transeuntes,

"aprendi algo sobre o amor.

todos os corações te dão falsa esperança,

e então levam até mesmo ela e tudo o mais,

deixando-o amargo."

sorri e depois disse com firmeza:

"nunca pegue corações nas ruas;

você não sabe

de onde eles

vieram."

Prisca Machado
Enviado por Prisca Machado em 04/12/2009
Reeditado em 28/12/2009
Código do texto: T1959311
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