Estrelas...
Enlaçaste-me os seios
e beijaste minhas mãos e
cabelos, meu dorso inteiro
derramaste em vão, tanto e somente...
Sem armaduras, sem medos
deste-me, entregue, teus favores
na lassidão do leito, sem trégua
esqueceste, horas, teus severos preceitos...
Mas depois, ânsia amarga, a culpa
nos lençois, só o doce cheiro de névoa
e nos lábios, vagos, beijos e beijos
selando os nossos unidos segredos, incontidos...
Fôste meu e eu fui tua
num tão reluzente lampejo
hei de esquecer?
se hoje, súplica e ao suplicar solene
dou-me, entregue, a devaneios...
as ruas, tão vazias de nós
tristes a chorar sem versos inteiros
mudas, ninguém canta ou grita
nem eu suspiro mais, nem tu me matas em pensamentos...
Então, volta...há tempo
e fita-me os olhos
peço, clamo e dou-te tanto,
silencia e vem, novamente
joga teu coldre sobre minha saia
e ama-me, outra vez,
a-r-d-e-n-t-e-m-e-n-t-e...