Estrelas...

Enlaçaste-me os seios

e beijaste minhas mãos e

cabelos, meu dorso inteiro

derramaste em vão, tanto e somente...

Sem armaduras, sem medos

deste-me, entregue, teus favores

na lassidão do leito, sem trégua

esqueceste, horas, teus severos preceitos...

Mas depois, ânsia amarga, a culpa

nos lençois, só o doce cheiro de névoa

e nos lábios, vagos, beijos e beijos

selando os nossos unidos segredos, incontidos...

Fôste meu e eu fui tua

num tão reluzente lampejo

hei de esquecer?

se hoje, súplica e ao suplicar solene

dou-me, entregue, a devaneios...

as ruas, tão vazias de nós

tristes a chorar sem versos inteiros

mudas, ninguém canta ou grita

nem eu suspiro mais, nem tu me matas em pensamentos...

Então, volta...há tempo

e fita-me os olhos

peço, clamo e dou-te tanto,

silencia e vem, novamente

joga teu coldre sobre minha saia

e ama-me, outra vez,

a-r-d-e-n-t-e-m-e-n-t-e...

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 04/12/2009
Reeditado em 04/12/2009
Código do texto: T1959265
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