O dialogo no silencio
 
 
No horizonte o esqueleto;
De perto suor e cimento;
Abaixo da marquise o desalento;
Na boca a saliva seca e o rugido
Famigerado: maldita vida que me encerra,
Neste pleito de comer hoje o sonho de ontem!
 
Menino com quantos ais a tua soma de dor e castigo
Completar-se-á? Quem o castiga? Quem pecou primeiro?
Onde esta tua nação? Quem são teus pais?
 
O arroz no prato de puro plástico é pouco;
E tu o come com o regalo de um rei entre marginais,
Na tua pele negra, meu julgo e uma violência que não nego,
Nasceste em que barraco, por que me fustigas com tua presença?
 
Não partilhe comigo tua aflição, não tenho tua delicadeza e certeza no futuro.
Morri agora pouco, quando chegavas e me queres vivo a vociferar a largueza
Do teu sorriso claro feito o garfo de plástico com que sorves o arroz pobre
 
Deixe-me, vou embora, quiçá encontrar Manoel e hastear bandeira
Gritar contra os que lesam a humanidade e travar dura guerreira
E definitivamente encarcerar meus sentimentos, não quero a lagrima
E não direi a La Alphonsus pobre de mim que morro de exasperação e desesperança! 
 
 
 
 
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 03/12/2009
Código do texto: T1958289
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