A CARTA

A CARTA.

Achei, em uma manhã,

Fria,

Vazia,

Prenuncio de um triste

Dia,

Uma garrafa na praia

Que uma carta

Trazia.

O papel conseguiu sobreviver

Ao tempo, ao mar...

A carta dizia:

“Meu amor, o oceano vai lhe encontrar,

Não sei quanto tempo isso vai levar

Mas, meu coração diz

Que você vai ler essa carta

E saber do que não tive coragem de lhe dizer.

O amor que sinto

E não minto

E que me consome nesses dias

É o preço do que tenho que pagar

Pela coragem que não tive

E assim obtive

O desgosto de vê-la partir

Levando-me consigo todos os dias que se seguiram.

O que ficou não fui eu

Foi uma outra pessoa a qual me tornei.

Quis segui-la, mas já não sabia para onde...

Fiquei...

O que fiz,

Já não sei...

Sempre quis partir para achá-la,

Para poder lhe dizer o que não disse

E a perdi.

Mas hoje, nessa manhã, fria,

Vazia,

Prenuncio de mais um triste dia

Que se inicia

Tive a coragem que não tive

E parto agora para encontrá-la.

Entro nessa pequena garrafa

Com a esperança que você possa

Achá-la e receber o amor

Que lhe foi negado

Por orgulho, vaidade, teimosia...”

A carta não tinha nomes,

Fiquei imaginando quantos

Poderiam, ali, estar...

Sem o conteúdo mudar...

Coloquei-a na garrafa novamente e

A devolvi... ao mar.

ESSA É UMA MENSAGEM QUE SÓ A GARRAFA TEM O DIREITO DE GUARDAR.