O meu deserto...
Atravesso o deserto...
A tempestade de areia me impede de escrever
E eu estou sozinha...
Tu não estás por perto
E outro não me fará viver...
Alma caminha...
Paira o luar...
O luar no deserto é lindo!...
Procuro um oásis
Mas só tenho miragens...
As grandes ondulações mudam de lugar
E me sinto perdida
Nesta areia quente quando nasce o sol
E gelada à noite, como noites sem luar...
Queria minha cama
E os abraços teus...
Mas me fiz andarilha...
Na noite silente
Ouço o palpitar do meu próprio coração...
As ondulações mudam de lugar
E não me atrevo a olhar para as estrelas...
Não tenho para onde ir.
Sobrou-me o meu próprio caminhar...
A lua se esconde
Para não me ver chorar...
Estou no meu deserto
Despida de minhas vestes nupciais...
Queria comer tâmaras
À sombra das palmeiras
Num espelho d’agua
De algum oásis...
Mas apenas resta-me o deserto
E para qualquer lado vou. Que importa?
Quando não se tem para onde ir
Qualquer lugar é lugar...
Não interessa para onde caminhar...
Lágrimas misturam-se à areia
E meus pés sangram...
Mas sangra mais este silêncio
Nesta noite em que até o luar
Se escondeu depressa
Para não me ver chorar...
Não me lastimo:
Escolhi o trilhar...
Tento avançar
Mas em círculos caminho...
Não tenho onde descansar...
Em uma cama, recoberta de cetim,
Uma rica senhora sorri...
E eu, sem qualquer revolta
Estou aqui...
- No meu eterno buscar...