PEQUENO DIÁRIO (Cap. 3)
Os longos dias e noites de solidão é um eminente sinal do fim.
Na mão direita a taça em que sorvo vagarosamente este vinho
fermentado de saudade.
Na esquerda, algumas cartas ainda contendo resquícios de teu perfume.
Meus olhos ficam ali parados esperando uma mudança de tempo,
um vento novo ou alguém que me traga notícias tuas.
O corpo não reage. A mente perde-se em pensamentos longínquos
e não encontra o caminho de volta à vida.
A alma me cobra um sorriso, um gesto qualquer de criancice
que lhe alegre, mas o coração está pesado de um vazio descabido.
Nosso quase infinito amor agora me consome aos pouco.
Sou outra vez uma velha casa abandonada e repleta de fantasmas.