Acompanha-me numa taça de cianureto
Por que será que tento te matar
e não consigo quando a tenho nua aqui
desprotegida
e sonolenta?
Era tão fácil
vesti-la num belo espartilho
e perfumá-la
lhe fazer um poema
colocar rosas vermelhas em suas mãos
beber com você uma taça de cianureto
e amanhecermos geladas e agarradas
eu poderia lhe matar assim poeticamente
mas como fazer isso?
se prefere morrer
de forma estúpida: ou num acidente de trânsito,
numa tocaia
Já que terá que morrer um dia
acompanha-me numa poética morte lenta
morra dignamente amada
é melhor do que com o fígado despedaçado por uma cirrose hepática
ou por um efizema pulmonar
estúpido gerado por um cigarro barato.