Faço Um Poema Como Eu Faço Um Filho!

Eu faço um poema como eu faço um filho!

Estudo... Procuro minha musa no cio...

Rodeio... Observo... Minto... Alicio...

Fazemos aquele jogo de olhares...

Capricho nas preliminares e...

E me nasce um filho!...Lindo!

Às vezes,

Eu faço um poema como eu faço sexo

Com uma vadia, fria... Numa esquina...

Mecanicamente, sem as devidas carícias,

Que logo após o coito... Abomino!

Se me nasce meu filho, um Quasímodo,

Não importo... Não ligo!

Puxo uma das inúmeras gavetas

Que tenho dentro do meu peito,

(Olhos de pai são assim... não vêem defeitos)

Onde abuso da conotação,

E deixo-o lá guardado...

No fundinho do meu coração!

Mas, na grande maioria das vezes,

Eu faço um poema como eu faço amor

Com a minha pessoa amada...

Com palavras rebuscadas...

Sempre procurando a síntese perfeita,

Tentando ser conciso... Ser coerente...

Usando e abusando das metáforas...

Lapido todo o corpo... Atrás... Na frente...

Persistindo no meu velho dilema:

Decifra-me ou devora-me!

Com os olhos e paciência de um perito.

Assim, meu querido amigo, faço um poema:

Como que se eu fizesse um filho!

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 01/12/2009
Código do texto: T1955115