Deixe-me entrar!
O dia amanheceu e a voz doce e sonolenta soava,
Delicada e rouca com um timbre que me encantava.
Por poucas e maravilhosas horas, tantas palavras
E sensações florescendo em milhares de lavras.
Sutil e invasivo, um quê de algo que não sei dizer,
Foi tão inesperado como um ritmo a me envolver,
Com um compasso consensual para os meus pés,
Virou-me ao avesso, fora e dentro tudo ao revés!
Num delato impensado minhas inspirações fluíram,
Incontidos, tempo e espaço no momento ruíram.
Formidável delírio, produzindo um louco fascínio,
Ás favas com a razão, só a emoção teve domínio.
Abra a porta do teu labirinto eu preciso adentrar,
Descobrir os teus mistérios indeléveis sem par!
Deixe-me romper as cadeias e acender teu pavio,
Vou libertar tua fera e me lambuzar no teu cio!