Ao interior
Rua dos meus distúrbios,
Das idéias soltas, livres,
Nas periferias dos subúrbios,
Pelas luzes que faltam hoje.
Rapinas, aves ligeiras,
Famintas com tantos acordos,
Voam nas sombras que faço,
Repousam no silêncio de cada passo,
Adormecem quando me canso.
Ruas das minhas derrotas,
Nas ausências nunca vividas
No presente de muitas fantasias,
Na saudade sem começo,
Sem meio e sem fim.
Transito do pequeno espaço
Da vitória inexistente,
Na boca de uma só
A voz pra tanta gente.
Olhos de minha rua,
Da noite que foi vazia,
Da pausa tão duradoura
Das alegrias nulas, intocáveis.
Vielas em meus calendários
Tempos envelhecidos,
Molduras quebradas nas vidraças foscas,
Das janelas dos meus olhos,
Que sorriram pela última vez,
Cantaram pelos luminosos,
Nas luminárias que piscaram,
Opacas, penderam e se fizeram escuras,
Em mais um corte de energia
Na pausa para meditar,
Pensar, falar do tempo
Sem saber o que foi ou seria belo,
Além de tantas coisas.