Libélulas...
Blusinha azul combinando com os brincos,
saia minúscula de babadinhos rodada
pérola
cabelo meio preso, soltando fios nas costas peladas
face leve,
sorriso ingênuo de menina travessa.
Bem devagar ela chega e abandona os chinelos
ainda na sala – se é que se pode chamar de sala
um casebre mínimo – um paiol,
três passos no máximo encontra logo minha boca
senta-se dengosa na cama
como cigana
bem a vontade sem algemas e sem medo
a gente se pega,
se come,
se consome...
Ela suave _ retira os brincos
eu desamarro o laço da blusa
e vejo as libélulas uma sobre a outra
nas costas descendo e subindo direção à nuca
a vejo nua
toda nua
completamente nua...
pedindo que a sugue em sua posição convidativa,
meio de lado, de bruços...
Ela me compara a um gato selvagem
que devora o pequeno pássaro, sem chance
de sobrevoar ou sobreviver,
de sair de suas garras sedentas
e devoradoras
Estamos a vontade _ nuas
como elas, intensamente
como se tivéssemos somente 24horas
de vida,
de desejo que não acaba...
Sejamos então como as libélulas
viveremos intensamente como der
e vier
e quiser...