"Habeas Cor" Liberte Coração 
                                poema em homenagem ao primeiro"Habeas Pinho"

Senhor Juiz

Venho diante de vossa excelência expor um fato
Pedir assim se de teu agrado for sua excelsa intervenção
Pois tendo já perdido o controle, não vejo em mim condições
De resolver de imediato, mesmo sendo responsável por minhas ações
 
Conhecendo seu Domínio e Sua capacidade, eu me rendo
E por não mais enxergar, dou por minha parte perdido assim a visão
Trago a Ti tamanho enigma e peço desfragmenta-o e devolva-me a razão.
E dai a liberdade, Senhor Juiz, ao instrumento de carne em questão.
 
Da parte que a mim cabe, digo estava ele a poetizar, só e sem nada sentir
Quando foi tomada de mim a ciência e percebi nada mais poder fazer
Procurei-o porem não dei queixa, pois me parecia bem a tal situação
E o tempo teve pressa em afastá-lo de mim tirando-me o poder de ação.
 
Lembrai Senhor Juiz, do poeta Ronaldo Cunha
Do fato inusitado de um “tal” violão
Que tendo levado alegria nas noites de serestas
E sem nada dever foi parar numa prisão?
 
Lembrai Senhor! da atitude do Juiz Roberto Pessoa
Comovido em seu peito da responsabilidade em suas mãos
Vendo a tristeza da cidade e o silencio em suas ruas
Mandou soltar de imediato, dando liberdade ao violão
 
Peço com a mesma reverência que me dê preferência
Pois tenho certa urgência em voltar meu afazer
Preciso dele, do instrumento a ser mencionado, deixe preso
Os motivos que agora são banais como já se pode ver
 
Senhor Juiz devolva a liberdade tira-o desta agonia
Pois o “crime” ocorrido foi amar outro coração
“crime” comum eu penso, considerando a tristeza deste dia
Vejo em minha mente a morte silenciosa da poesia
 
Ele nada mais é que um cansado coração em sofrimento
Atrás das frias grades dos laços da ilusão
Certa de seu acolhimento, juntada destas provas,
Tristes provas. Eu peço, enfim, deferimento.