Quando o grande silêncio toma conta de mim...
Quando o grande silêncio toma conta de mim
Eu busco o útero materno
E lá encontro música suave
E pastos verdejantes para reclinar minha cabeça...
Quando o grande silêncio toma conta de mim
Eu questiono: Meu futuro será assim?...
Grandes momentos de antigos recitais
Sentindo na pele orquestras magistrais
Falando de um eterno amor sem fim,
Ou é o silêncio que tomará conta de mim?...
Imersa nas lembranças lágrimas teimosas
Que quero esconder descem, vaidosas,
Como me dizendo: Será sempre assim...
Tu é que não vês, teimosa, que talvez
Teu futuro sempre o grande hiato
Entre ser feliz e querer morrer...
Envolta e abraçada por mim mesma
Na posição fetal me sinto enferma
Da ausência da tal felicidade
Que dizem existir. Será verdade?...
Eu vejo ou “vejo” o que eu “quero ver”?
A minha lógica tornou-se obtusa
Pois estes momentos tão grandes, de silêncio
Me oprimem, me magoam, me fazem desalento
E eu percebo que estou completamente só...
Às vezes vejo o Amor como um grande oportunista...
Que é ilusório o modo que o concebo;
Tudo não passa de um jogo de conquista
Onde ser Verdade é pura idiotice
E serve apenas para fazer sofrer...
A vaidade masculina precisa deste mando:
“Faço como eu quero! Me verás e quando
Assim o decidir, escrava deste Amor!”...
- Não seria melhor não vê-lo?... Desistir?...
Quem ama não humilha nem despreza o que se dá...
Quem ama não impõe termos, momentos...
Ou o mesmo Amor assim é diferente
Ao homem e à mulher?...
Não posso crer nesta fantasia
Da diferença do amor pela Biologia,
Pois amor é coração, é sentimento,
É algo que nos vêm e não é só um momento
E depois se evade, fugindo como o vento
Que não se vai reter e está a se esconder
Num jogo macabro de nunca dar respostas...
Em posição fetal eu fico muito tempo...
Abraço a mim mesma e todo este lamento
Sacode-me num choro real e compulsivo
Por um Amor eterno e impulsivo,
Difícil de conter... E de entender...
Espero adormecer...
E nos braços de Morfeu encontrar respostas
Em sonhos, talvez, que não me dêem as costas
E eu possa compreender...
E o grande silêncio toma conta de mim...
Opressor, cruel. Será pra sempre assim?...
Pois parece que quanto mais amor se dá
Menos se recebe... Por que assim será?...
Um dia me disseram que os homens, caçadores,
Ainda primitivos, querem é a conquista...
Depois... Tudo perde a graça. ..
E ficam as mulheres sofrendo a desgraça
Da dor, do abandono, do silêncio e humilhação...
E quando se imagina que alguém é diferente,
Mais cedo ou mais tarde, este faz com a gente,
O que todos fizeram desde a criação...
- Os homens terão alma?... Ou são só paixão?
Há algum sentimento?... Eles têm coração?...
Os homens conseguirão amar alguém um dia?...
Ou amam-se a si mesmos, nesta ideologia
Que amar é sentimento, e sentimento é vão?...
Há muito tempo eu acreditava na teoria
Que os homem jamais amam... Amam só a si!
Será que hoje esta, confirmarei aqui??...
O grande silêncio toma conta de mim...
Preferia, talvez, não ter recomeçado
Para que, outra vez, ver tudo terminado,
E ele me tratar mais uma vez assim...
(...)
- Se vocês encontrarem um homem que as ame,
Contem para mim...
Aí certamente eu me darei conta
Que o erro está em mim...