Anjo doce de fel

Meu anjo de guarda quebrou uma asa,

desaprendeu a voar e não sai de casa

e para não morrer careceu amansar

e é por isso que sobrevive descansado.

Meus desejos vivem despidos de medo

e em segredo confessam seus absurdos,

taram os excessos do mundo,

o que me é inconfessável.

Sem meu anjo eu voo depravado,

com meu corpo ressentido de faltas,

um mal que azedou sua calda

e nem por isso deixou de oferecer-me outras sedes.