Paixão Mineira
Quando você surgiu em minha vida estava tão perdido
Algo em meu interior havia se quebrado há tempos
Dirigia solitário pelas ruas procurando uma razão
Faróis altos despertavam-me de um estado de letargia
Mas não me traziam a luz de que precisava
A música não distraía meus pensamentos inquietos
Nem preenchia meu coração carente de ritmo
Vivia uma existência automática
Ligava o botão e o programa funcionava
De manhã à noite nem o gato me consolava
O riso era um esconderijo de minha alma solitária
Fingia tão bem minha dor que ninguém desconfiava
Então você transpôs mares nunca antes navegados
Uma estrela do mar emergindo para a superfície
Tornando-se uma borboleta ao raiar do sol
Tocou meus sentimentos com sua leveza
Fez-me sentir que havia algo especial no ar
Flores abriram-se ao seu sorriso
Pássaros cantavam por fora da vidraça do prédio
Eu não entendia como a mágica acontecia
Mas o encantamento não me deixava desviar de seus olhos
As palavras fluíam como rios que seguem para o mar
Independentes, livres e soltas em seu curso
Águas há muito represadas romperam barreiras de concreto
A multidão ao meu redor não emitia mais som algum
Os faxes enrolavam-se em pilhas na máquina
Telefones tocavam sons mudos em meus ouvidos
Só havia você e nada mais precisava ter um sentido
Um calor gostoso envolveu meu corpo naquele dia frio
Um amor tão suave e lendário para constar nas toadas
Nenhum sonho ou previsão de oráculo teria me preparado
Jamais imaginaria ter meu coração arrebatado por uma paixão mineira
Tão distante e tão perto de meu sorriso
Nem mesmo a fome me distanciou do teclado
Pois você me prendeu com o fio de Ariadne
Enlaçou minha sensibilidade com sua delicadeza
Tornou-me “seu” desde o início daquele adicionar
Assim foi nosso primeiro encontro on line