Mãe

Chorei, calada

noites a fio

desesperada

tão só, tão fria minh'alma

sem teu colo

sem morada

fiz da redenção meu alívio,

meu grito reprimido...

tu não vieste,

nenhuma madrugada sequer

mesmo nos prantos mais altos

nas convulsões febris dos amores sórdidos

não leste meus versos de paixão?

tu sabes de mim tão pouco

e tampouco te importas se morro

dia após dias, então

se olhares em meus olhos turvos

sem vida, embriagados de água e sal

ainda assim não entenderás

quão forte ainda sou, mesmo na dor que rebenta e queima

corto as noites, cinicamente

entre lágrimas, armada e penadamente sóbria

não me ensinaste a ser mulher guerreira

mas eu me fiz de tal maneira e clamo

ainda clamo teus carinhos esconjurados

guardo-te em páginas coloridas do meu diário

e dou-te os dias, o império das noites

ainda espero revelar-te meus segredos

ainda espero-te à porta de casa

para que com um beijo tu me despeças

às mãos do meu amor qualquer

que vaga sem nome, sem rumo...

guarda meu segredo, mãezinha

e olha-me com o mesmo amor de Deus

ouve meus afetos e desafetos de menina

de mulher, desesperada

não me ensinaste a amar

por isso, tão vil e lúcida, morro

a cada dia numa ilusão insensata

pois eu amo a tudo, amo loucamente, mas isto não basta...

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 26/11/2009
Código do texto: T1946202
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