Rastros que não se apagam

Procuro-te pelos rastros deixados,

Na poeira que ficou do tempo...

Deixando ali seus passos marcados,

Antes de serem levados com o vento...

Talvez eu já devesse deixar de lado,

Mas o vento apaga os rastros, porém não a memória,

De um anjo corrompido pelo pecado,

Ao tentar escrever uma nova história...

Eu não lhe culpo, pelo pecado mencionado,

Mas sinto-me impuro, ante essa situação...

Pois o amor chega breve e delicado,

Tão silencioso quanto uma simples oração...

Oração, tal qual as que no eleva diante de Deus,

Mesmo este, que num modo figurado,

Presenteia com amor os seus,

Mesmo onde o amor, sugira o pecado...

Abençoado o pecado que nos alicerça,

Que nos multiplica, e faz pela pele entender...

Que o amor, está naquilo que nos cerca,

E o desejo está até no que nos faz morrer...

E é assim que eu morro todos os dias,

Só de pensar em teu seio em flor...

E do seu olhar dado em picardia,

Como uma ultima esfera de amor...

Pois tudo, tudo mesmo pode acabar,

Até o mar com marinheiros exilados...

Mas, contudo, ainda posso sonhar,

E procurar-te pelos seus rastros deixados...

E reviver, todo sentimento sentido,

Embriagando-me com seu perfume exalado,

Colocando em combustão minha libido,

Para novamente amar, e ser crucificado...