Fugitiva de mim
Foi de um apelo intenso.
Com um apego imenso.
Um recobrar do amor.
Recoberto de paixão.
Um ir e vir de corpos.
Um desejar do outro, como loucos.
Que eu não me dei conta do fato.
Que se escondeu no ato.
O que um dia foi voto onde ficou?
O compromisso de outrora se perdeu ao vento.
Você se esquiva de ser meu por direito.
Teme o amanhã e o mata.
E com o passar dos dias
Sem que regar faria.
Ficou, para mim, um tanto seco de desejo.
Pois me negou seu beijo.
Na rua me deu sua mão.
Na lua não me acariciou o rosto.
Não fomos caminhar juntinhos.
Como escondida fiquei do mundo.
Fugitiva de mim mesma,
Cativa por um amor.
Reservei-me de tal dor.
E fui morrendo aos poucos,
Sem perceber a morte.
Por amar fui forte.
Mas qual paixão pode sobreviver assim.
Escondida do mundo.
Iludida pela esperança.
Fui a presa ignóbil.
Só não deixou meu corpo.
Que agora quase morto.
Não anseia o seu tanto assim.
Deixou de alimentar minha pele.
De instigar meu cheiro.
Não estimulou meus sonhos.
Nem contemplou meus olhos.
Fui para você tão somente sua.
Objeto de prazer sem mais doçura.
Nos jardins não existiam rosas, nem jasmins.
Ao sol não douramos nossos corpos.
No encontro não me fez carinhos.
Nem planejou para nós os caminhos.
Andamos lado a lado, sem mais toques.
Na escrita não li seus versos.
È um amor de surpresa aos desconexos.
No encanto me deixou atônita.
Mas sei que ainda nos amamos.
Ainda somos família.
Mesmo sendo como ilhas...