Hás de ouvir
"Ouvireis olhos pelas estrelas
Molhados pelos fluidos das tardes
Pelo nó que suga do peito
Que arranca gritos que ouvireis.
Ouvireis passagens sem voltas,
Pelos que superam minha loucura
E afundaram nas turvas e lutulentas estradas,
Enquanto você veio por ter vindo,
Enquanto fui por ter ido,
Em busca de tudo que um dia ouvireis.
Vestido de mágoas,
Nu de amor
Agasalhado pelo que ouvireis
Breve, breve demais pelo pouco que falta.
Mas ouvireis,
Escutarás minhas testemunhas
Um febril álibi de percepção
De tudo que ouvireis
Breve, quando as ilusões, ingênuas,
Pequenas demais para nós
Subirem ao espaço,
Descendo de volta ao pó,
Mas já sem retornos...
Então ouvireis.
"