O poeta e o Menino Deus
de Edson Gonçalves Ferreira
para todos os poetas e leitores do Recanto das Letras
com votos de Feliz Natal e Ano Novo
O Menino Deus entrou na minha casa, feliz
Sorridente, pediu que eu lhe contasse tudo
Por que a juventude de hoje parece infeliz
Triste, falei-Lhe sobre as drogas, Ele mudo.
Sorriso e semblante Dele ficaram tristonhos
Lembrou-Se do tempo vivido como humano
Quando eram possíveis ainda nossos sonhos
Ele me ouvia, triste, co´ atenção e desengano.
Meu relato era de um Pardalzinho amoroso
Esse que tenta esta vida valiosa consagrar
Tendo o privilégio de tê-Lo como ouvinte...
Assim, quando O vi mui desolado, desditoso
Parei de falar, tomei-O no colo para embalar
Incoerência linda: Deus no colo do pedinte.
Divinópolis, 10.11.09
Poema forte
Edson Gonçalves Ferreira
I
Divinópolis é minha Grécia.
Aqui, só há tempos clássicos...
a consagração das palavras.
Sou meio grego na concepção da divindade.
Deus, para mim, é mais humano que divino,
Tão humano que é capaz de compreender nossas paixões.
Elas podem até ser passageiras,
Contudo, são imortais, porque um minuto é muito,
É muito quando não sabemos
Que vimos sem hora marcada para voltar.
II
Deus, na sua onipotência, me assusta!
Gosto Dele mais como amigo,
Quando assume a forma humana,
E fala comigo como o filho de Maria e José,
Aquela criança que deve ter sentido tudo
Tudo o que todas crianças sentem...
A majestade repousa aí na bruta humanidade.
Se você discordar, discorde,
Aceite, porém, o meu modo de encarar Deus como amigo
Não deboche do meu texto, porque é com Ele que falo com Deus:
O Verbo encarnado,
A flor de Jessé.
III
Deus, feito Menino,
Quando pode, sai correndo comigo pelos campos,
Como fez com Pessoa,
E rimos felizes só por rir,
Afinal, quem não ama a singeleza das coisas,
Não vive em plenitude
E, se precisar, podem até me crucificar
Como fizeram com Ele,
Meu Deus amoroso, adorável e redentor,
Eu Te amo, Senhor!
Divinópolis, 20.11.08