O MEL DA MALÍCIA
ela se arrasta
no seu andar maledicente
se joga, se gasta
se torna evidente
seu cheiro se espalha
e me dopa completamente
é lança perfume na minha cara
é ópio em minha mente
eu perco a razão
eu perco os sentidos
já não digo mais não
já não dou mais ouvidos
a qualquer artifício
que me faça voltar a mim
quero morrer assim!
e como a coisa se arrasta
com facilidade,escorregadia
uma lástima, uma covardia
o que pode um corpo
num mundo sem valia
eu sigo o seu rastro
e quase sem espaço
cai em sua armadilha
e me entrego com facilidade
e também com gosto
permaneço até tarde
aproveitando de seu corpo
o sabor dela é sabor de perigo
mas na verdade eu nem ligo
ela dorme comigo
depois vem o castigo
qualquer consequência
se torna delícia
é o mel da imprudência
é o gozo da malícia.