Sem Rima

Na madrugada fria

Pousei os olhos em ti

Perfazendo o caminho de tuas palavras

Em busca de te encontrar.

No silêncio da noite

Escutei teu pranto

Percebi teus temores

Desvendei segredos.

Entrei n’alma do poeta

Na sua alucinação, seu choro

Sua indignação

Toda sua inspiração.

Perturbei o silêncio de teu sono

Com indagações inúteis.

Me transpus no espaço

E estive a te visitar

Para, no silêncio da noite fria,

De poesia, e outras quimeras, falar.

E prosear sem parar.

Tentando entender a rima da poesia

E a falta de rima da vida.

Quisera eu, por um minuto,

Ser o poeta maior

E ter nas mãos a escrita da vida.

Traçaria lindas histórias

De cores e sons e risos

E encontros e alegrias.

Sem partidas, sem desencantos.

Mas sou apenas um beijo

A te acordar na madrugada.

E deliro...

Ao voltar naquele nosso poema,

Que intitulei Nós.

Sinto-me beijada, quedo-me amada.

Nós que se entrelaçam, unem e prendem.

Nós. Sinto-me a ti atada.

Somos prisão e prisioneiro de nós.

E na noite fria, eu perco o sono.

E me transformo num longo beijo...

Que não conhece espaço ou tempo.

Só pra te tocar... Mais nada...

Rosimere Ferreira
Enviado por Rosimere Ferreira em 14/07/2006
Código do texto: T193992