Sem Rima
Na madrugada fria
Pousei os olhos em ti
Perfazendo o caminho de tuas palavras
Em busca de te encontrar.
No silêncio da noite
Escutei teu pranto
Percebi teus temores
Desvendei segredos.
Entrei n’alma do poeta
Na sua alucinação, seu choro
Sua indignação
Toda sua inspiração.
Perturbei o silêncio de teu sono
Com indagações inúteis.
Me transpus no espaço
E estive a te visitar
Para, no silêncio da noite fria,
De poesia, e outras quimeras, falar.
E prosear sem parar.
Tentando entender a rima da poesia
E a falta de rima da vida.
Quisera eu, por um minuto,
Ser o poeta maior
E ter nas mãos a escrita da vida.
Traçaria lindas histórias
De cores e sons e risos
E encontros e alegrias.
Sem partidas, sem desencantos.
Mas sou apenas um beijo
A te acordar na madrugada.
E deliro...
Ao voltar naquele nosso poema,
Que intitulei Nós.
Sinto-me beijada, quedo-me amada.
Nós que se entrelaçam, unem e prendem.
Nós. Sinto-me a ti atada.
Somos prisão e prisioneiro de nós.
E na noite fria, eu perco o sono.
E me transformo num longo beijo...
Que não conhece espaço ou tempo.
Só pra te tocar... Mais nada...