Júlia
Como que tu serias traçada? Como seriam as linhas que te emoldurariam? Como seria a forma dos teus cabelos? Eu imaginava-os agitando ao vento, imaginava que neles teriam o mais doce dos perfumes. Queria poder correr contigo nos jardins mais coloridos dessa vida, queria segurar as tuas mãos e protegê-la de todos os perigos. Queria, mas não pude!
Como seria a cor dos teus olhos? Com que forma seria feita a tua boca? Como seria a tua voz? Eu imaginava o brilho dos teus olhos a me ver chegar, imaginava-a de braços abertos, ansiosa pela minha chegada. Queria poder estar contigo em todos os momentos dessa vida, queria beijar o teu rosto e abraçar bem forte o teu frágil corpo. Queria, mas não pude!
Como que tu chorarias? Como seria desenhado o teu rosto? Como que tu dormirias? Como que tu reclamarias? Eu imaginava-a adormecendo em meus braços, imaginava a sensibilidade do teu toque. Queria poder viver contigo todos esses momentos, queria estar contigo na tristeza e na alegria. Queria, mas não pude!
Como que tu verias o mundo? Como seria o conforto dos teus carinhos? Como que tu me dirias, eu te amo? Imagino como seria a força do teu amor, imagino como seria a castidade de tua pureza. Queria poder responder-te todas as perguntas, queria ser a tua firmeza nos momentos de medo e insegurança. Queria, mas não pude!
Qual a fragrância teria o teu perfume? Como que tu mudarias a minha vida? Qual o caminho que tu ias me levar? Como tu contarias os minutos e as horas? Imagino como seja pra ti, saber que ainda sinto tão presente a dor de tua ausência, imagino como seja pra ti, saber que ainda choro. Queria poder suportar toda essa dor, queria nunca mais chorar. Queria, mas não posso!
Como seria o teu sorriso? O que tu acharias de mim? Como posso vê-la, Julia? Imagino com me farias ver o mundo, entender o universo e a humanidade. Queria poder ouvir a tua voz, queria poder ouvi-la dizer, pai! Mas não, não podes!