UTILIDADE PÚBLICA
No botequim no fundo do gueto
da lua o anjo malencarado
guarda a pistola embaixo das asas
empoeiradas
é hora do vício
e do amor barato
que os mundos desabem!
é hora do vício
e do amor barato
Céu e Inferno se calam
Eu viandei aonde o homem teme sonhar
e vi os rostos dos anjos que escolheram
reinar no macabro, pelos tempos
uma torre de perguntas é erguida
ao céu pelos confinados
entre a fome e o sonho - abismos
cuja renúncia leva aos oceanos repletos de monstros
Eu enumero os acontecimentos
pelos capacetes que elevam cornos
surgindo na aurora
sei que a dama vem nua
sobre o cavalo que termina peixe
porque o sexo tocado sibila
borboletas sonoras
inaugurando o amor desregrado
em que macho e fêmea tiranizam
as suspeitas
e apenas a cicatriz da posse
é de utilidade pública
onde os lábios carnudos do deleite
sussurram felações catárticas