CATARSE DE AMOR

O homem é o único

animal

que quando sofre

um desgosto

de amor

até nem leva a mal

e escolhe calar-se.

Os outros animais

como não podem

desabafar

então

em questões

de coração

entram na catarse

da luta.

O amor

é o único

sentimento

que vale

uma disputa.

Uma flor amarela

espalha o seu

pólen

ao vento brando.

Ao longe

eis senão quando

a pétala de uma azálea

vermelha

o aceita.

Se fosse um homem

a padecer

tamanha maleita

largaria o coração

num regato

e partiria até à fonte

com a água na boca

na pista

do desacato.

Não falo por

experiência.

Nestas coisas

de amor

sou apenas

um contador

de histórias

sem ciência.

Isto é,

não busco glórias,

não sei onde ponho

as mãos calosas

nem guardo

suspiros.

Sou um ser pacato,

um ente mais calmo

do que o sono

dos vampiros.

Com as

mulheres vaporosas

apenas sonho;

se algo me tenta

canto

os versos

dum salmo;

nunca desato

em pranto

e até

não sei bem

o que isso

quer dizer.

O amor

de verdade

confesso:

arde.

É algo

de possesso

com perfume

de rosas

e come-se de colher.

O amor?

Tem um paladar a romã,

o vício da maçã

e corpo de mulher.

Penso

sempre nesse odor.

Nesse modo de viver.

Gosto de falar

de amor

antes

de adormecer.

JAG
Enviado por JAG em 21/11/2009
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