Namorando no portão...

Há algum tempo começamos  a namorar
no portão verde que dá para o seu  jardim,
e ela gostava de me abraçar longamente,

enquanto  o portão ficava naqueles chios
a cada vontade maior desse nosso querer,
e a verdade é que esses chios não paravam,

e faziam já também parte de nosso namoro,
porque dentro da casa dela eu não entrara,
pois  como ela dizia...era a fase do portão...,

e é claro, que para não contrariar seu gosto,
ficávamos ali horas num amasso sem fim,
ou melhor, até que sua mãe viesse chamá-la,

debruçando-se no peitoril daquela janelona,
e mostrando com todas as letras que agora
era hora de entrar, porque batiam exatas 22 h.

E batiam mesmo...porque não muito distante
os sinos de uma velha igreja logo repicavam,
e foi a partir daí que tive ojeriza desses sinos,

porque cada vez que eles se punham a tocar
a mãe dela aparecia à janela, e tudo terminava
exatamente do mesmo jeito... como um relógio.

Meses passavam como se ninguém desse  conta,
numa  situação tão rotineira como as estações,
pois  o frio que havia chegado no nosso namoro

vinha trazer mais desconforto.O vento era um gelo,
e nosso namoro já não era assim tão agradável,
 mesmo com os beijos mais e mais e mais quentes.

O frio agora havia se tornado uma verdadeira prova
que eu tive de chamar...queira ou não,a prova dos 9.
Ahhhh...ela dizia que nem sentia frio quando me via.

Passei a pensar que ela se alimentava de paixão,
e confesso que metido nesse voluptuar crescente
acabava também logo tão quentinho quanto ela...

Hum...no frio os olhinhos dela quase se fechavam,
e ficava com a nítida impressão de uma ciganinha,
mas nunca a chamei assim porque era  Gatucha.

Ela dizia que era minha gata cheia de ron-rons...
e como gostava de se aninhar, era Gatucha mesmo.
Nossa !!! Que frio hoje...dessa vez caía a neve,

floco por floco...e íamos sendo cobertos de branco,
e nem nossa paixão podia resistir ao congelamento.
Nesse instante, a mãe já preocupada com o frio...

Apenas gritou do janelão...Gatucha !!! Entreeeee.
Olhei para ela, ela para mim, e demos um beijo,
desses mais demorados,que só a paixão entende.

Desci a rua agora coberta das primeiras neves
que se misturavam aqui e ali com poças d´água
refletindo a paisagem linda que tudo já envolvia...

Pensei então naqueles bonitos cartões de natal
em que as paisagens invernais são belíssimas,
e mostradas com Papai Noéis todos risonhos.

Ahh..queria ver um deles namorar lá no portão
verde, srsrs...
No mínimo ia ter de se enfiar todinho no próprio
saco...
Êta Papai Noel...essa eu queria mesmo ver...

Ontem estive de novo com a minha linda Gatucha
e havia uma tempestade de neve naquele portão.
Bem...dessa vez eu tive sorte...

O janelão abriu e a mãe gritou:
traz ele para dentro Gatuchaaaaaaaaa.
Corri com ela e entramos no quentinho.

Depois ? Bem...eu nem sei o que vai
acontecer...
Não faço a menor idéia...
Mas a fase do portão parece que terminou, rsrsr.

Hum... estou tomando um belo chá Lipton.
Isto eu sei...rsrsr.


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Autor: Cássio Seagull
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Poesia que fiz em 19-11-09 às 1930 h em SP
Lua nova – sol forte e chuvas -  36 graus
Beijos e abraços para você...Boa sexta... [love]
cseagull2@hotmail.com
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