Um Primeiro Beijo
Caminhando na rua descalça
Entre tapas com o sol
Paro o andar depressa
Meu alivio é que o destino chegue
Mas à frente
Vejo bancos, uma praça
Vejo crianças que correm, mães que gritam
Mas um pouco à frente
Meu desespero agônico em forma de alegria
Espanta-se, ao olhar para um balanço
Nele, uma garota está sentada
Balançada pela solidão
Ela de saia, briga contra o vento
Sento-me distante
E a fito por um instante
Vejo que as sardas escondem a sua maturidade
Junto ao corpo esbelto
Que engana a sua idade
Aos olhos de um estranho seria uma garota comum
Mas meu coração rugia desesperado
Uma sensação nova, diferente
Tomava conta de mim
Levanto-me e em sua direção vou
Percebo que disfarçadamente ela me olha
Pensando no que vou dizer,
Caminho olhando para o chão
Nem sei o que dizer...
Paro em sua frente, e o mundo comigo
Vejo minhas pernas demonstrar fraqueza
Minha mão soa junto a minha respiração ofegante
Quanto tempo se passou?
Mas meu sofrimento era mútuo
Percebi no seu rosto fino
Extrema tensão
Mesmo que o sorriso aparelhado
Tentasse disfarçar, os olhos tremiam
O mundo parava naquele momento
Como se o pause fosse acionado
Eu já não ouvia mais
Nem o barulho das crianças
Nem os gritos maternos
Olhei de novo para ela
E gritei dentro de mim
Dizem que nossos destinos são traçados
Antes mesmo de nascermos
Seria aquela “A” garota?
Balbuciei palavras que aos meus ouvidos
Pareciam indecifráveis
Ela respondeu
Em um ato heróico sentei-me ao seu lado
Conversamos...
Tudo eu ouvia
Como se fosse um espectador
E uma de cena de um filme
Tomou conta dos meus pensamentos
Enquanto ela falava minha mente
Era invadida por estranhas vontades
Fitei seus lábios
Que se abriam e fechavam lentamente
Imaginando como seria beijá-la
Aquilo tudo que ocorria ali
Era novo para mim
Meus dezessete anos eram insuficientes
Para preencher as lacunas das respostas
Aproxima-se um moço
Um rapaz simpático e bonito
Fala com ela
Ela se levanta
Ambos conversam por pouco tempo
Tempo suficiente para me modificar
O sentimento que outrora era de timidez
Tinha dado espaço a um misto de egoísmo e raiva
Ela me apresenta o rapaz
E em meio a falsos sorrisos
Forço uma simpatia
Ele se vai, e junto meus ciúmes
Estamos a sós
Fico sem assunto
Contra minha vontade emito palavras
E quando Olho para ela e vejo suas bochechas
Um sorriso escondido, tímido
Caio em si e ouço as palavras
Desesperado pela situação não premeditada
Emudeço
Ela me toca com sua macia mão
E diz suavemente
“Eu também gosto de você”
Ouço aquilo
O meu sorriso se estende pela boca
De repente o mundo para de novo
Ela me olha de um jeito diferente
Novamente em ato heróico
Aproximo-me
E sem falar nenhuma palavra
Avanço o sinal
Mas paro
Ela dá um sorriso
E termina o trajeto
Fecho meus olhos
E desfruto daquele momento
Que durará para sempre.............
Daniel Souza da Cruz