Alvorecer
Quando ergue - se sol, por entre a névoa
Que a noite regalou às telhas rubras
A flor que cultivei se abre. Enlevo - a
Com um sorriso e te peço que descubras
Quem das graças do céu violou os ferrolhos
E te pôs a cor do Sol dentro dos olhos?
Quando, entre neblina, vêm os sóis
Cravando diademas neste monte
Sem a embriaguez dos alcoóis
Peço - te a graça desmedida que me conte
Quem das graças do céu perdeu a chave
E fez da tua boca a mais suave?
Quando, ao som dos sinos da manhã,
Vejo - te pondo a rir de tua ressaca
Que te impele, irrestível como um ímã,
A deitar - se na tua cama, que aplaca
Como forte veneno, o mais profundo,
A tua vontade de perder - se pelo mundo
Paira eterno o som do céu no teu ouvido...
Ao meu, só os teus sons me são bem - vindos
E ao negro do meu olho comabalido
Só me resta o azul dos teus, olhos mais lindos
(Que a Graça pôs num rosto de humano)
Que as luzes de natal, no fim - do - ano
E mesmo agora, passado tanto tempo,
Eu desejo a ti com a mesma força
Aliás, maior ainda que me lembro
Forte... Mas mais frágil que a louça
Que gahamos de presente dos teus pais
Ah! Alvorecer que não vem mais!