Amor não é em mim o que te ama
O meu amor por ti se delimita
no que em mim se faz eternidade,
nos sonhos que tornamos realidade,
nas horas que fazemos infinitas...
O que te vive em mim, por ti se mata
em cada ausência tua em que transita,
porém, como assim morre, ressuscita
em todo beijo teu que me arrebata.
Amor, não é em mim o que te ama
em toda esta loucura que te adora,
é pranto que sorri... Riso que chora...
em cada verso aflito que te chama.
Em mim, tudo de ti, que dói, encanta:
a porção que me falta, a alma gêmea
o teu gozo musical expondo a fêmea...
e o zelo em devoção nas mãos da santa.
Se pecado, este amor, perdão seria
por todo céu na terra que deseja,
nos encontros furtivos na igreja...
Ou na trêmula nudez da poesia.
O meu amor, por ti, é tão incrível
que se fere de si e a si socorre,
que vive da angústia do que morre
e morre do encanto do que vive.