ENTREGAS
Corpo vilipendiado, sem rubor, só máscaras,
Não tem caráter, se entrega sem amor,
Busca do vil metal que lhe dá seu sustento,
Prazeres? disfarces só para ocultar seus nojos,
E no coração dilacerado tenta se conter,
Diante de circunstâncias de vida maltratada.
Não teve infância que pudesse até sorrir,
Se recordasse de travessuras de criança,
Correndo solta com cabelos em desalinhos,
Que a brisa fresca fazia esvoaçar ao vento,
E pais atentos que admiravam sua formosura,
Orgulhosos da filha que fazia seus encantos.
A dignidade ferida já sentiu em tenra idade,
Pois sofreu abusos em seu corpo inocente,
Que deixaram marcas que jamais se esqueceu,
E nas esquinas da vida procura ocultar as tristezas,
Entregando seu corpo tão sagrado de mulher,
Pois foi feito para conceber sómente vidas.
Assim não lhe resta se arrastar em desesperos,
Vida sofrida que poderia ter outra dimensão,
Quem sabe encontrar quem poderia até amar,
E as entregas de seu corpo fossem só por amor,
E nunca como mercadorias expostas em vitrines,
Sujas, sem trato, deteriorando suas tristezas.
18-11-2009