A cobardia não faz Amores

Uma mulher perdeu a chance

de conhecer o delirio e

a calma

ela perdeu esta bela loucura

sua breve cintura

embaixo de mim

ela perdeu

minha forma de amar

ela perdeu minha onda

em seu mar.

Vejo uma luz que vacila

e promete deixar-nos no escuro

vejo um cachorro latindo à lua

olhando uma figura

que me lembra a mim

vejo mais,

vejo que não me achou

vejo mais,

vejo que se perdeu.

Uma mulher increível

foge como uma gaivota

e eu rápido seco minhas botas

blasfemo uma nota

e paro o relógio.

Que tome cuidado o amor,

porque eu posso cantar sua canção.

A covardia é assunto

dos homens

não dos amantes

os amores cobardes não chegam

a amores

nem a histórias,

eles ficam ali.

Nem a lembrança os pode salvar

Nem o melhor orador conjugar.

Uma mulher com sombreiro,

como um quadro do velho Chagall

corrompiendo-se ao centro do medo

e eu, que não sou de ferro,

comecei a chorar.

Nessa hora eu chorava por mim

e agoro choro por vê-la morrer,

em mim.

Daniel Dantas
Enviado por Daniel Dantas em 17/11/2009
Reeditado em 17/11/2009
Código do texto: T1929162