Galope de Sonhador
Meus olhos enevoados ficam de quando em quando, sem aparente razão, marejados
Contrastam com o límpido azul do céu que teima em se fazer ver lá fora.
Nem é o efeito de tua falta presença. Não sei mesmo! Parece doença.
Meu estômago contraído faz-me consciente de meu coração machucado, ferido.
Minha cabeça arredia, ausente, deste jardim em minha frente sequer toma consciência.
Não sei prá onde: todavia me atropela um imenso desejo de ir embora.
Minimizo: digo ser apenas querelas, isso que me deixa assim tão introspectivo.
Não mais sei esbravejar. Sinto que os anos de vivência fizeram-me mais um espectador,
Impossibilitado de esporear o tordilho da Emoção para que salte os obstáculos postos pela Razão.
Dentro de minha mente revivo as vetustas cavalhadas, e prá ti, minha musa mais que amada,
Colho de um único e audacioso golpe, desferido com a enfeitada lança de minha Paixão
Esse tão cobiçado troféu. Recebo com galhardia, nesse meu viajar, teu sorriso de admiração.
Ainda embalado em sonhos; vejo-te em minha garupa montar, pois ao sonhador não se nega nada.
Galopo veloz contigo rumo a Pasárgada. Lá sou amigo do rei. Lá, enfim, ter-te-ei, meu amor!
Em meu sonhar, monto um alazão no qual te carrego agarrada na garupa de minha sela, minha amada. Nele, partimos céleres em busca dos férteis campos de caça, aonde viveremos ouvindo os cantos de alegres passarinhos fazendo dueto com o murmúrio de um riacho de águas claras.
Vale do Paraíba, tarde do primeiro Sábado de Março de 2009.
João Bosco