PERDIDAMENTE TEU
PERDIDAMENTE TEU
J.B.Xavier
Os doces arpejos de tua música bendita,
Escorre pelos sulcos cansados
Das saudades que me assolam,
E os divinos acordes de tuas doces sinfonias
Fluem radiantes, contrastantes com minhas tristezas...
E sonho com os límpidos regatos de tuas lágrimas
A deslizarem sobre os prados aveludados de tuas faces...
E ergo-me em carícias impensadas sobre o veludo dos teus céus...
Aproximo-me mais, a flutuar por entre teus sonhos,
Ergo teus véus,
Toco teus cabelos angelicais,
E estremeço ante o despertar dos teus desejos...
Por entre os cânticos de sublimes madrigais,
Avanço mais pela penumbra do teu corpo,
Beijando o eriçar de todos os teus pêlos,
E aos poucos vou cedendo aos apelos
De um torpor quase indizível,
Um prazer imperceptível
Que avança dolorido pela longa espera de noites insones...
E te ergo nos braços, como pluma numa brisa,
E caminho sobre oceanos, pelo vento que desliza
Acariciando nós dois, docemente...
E como visões diáfanas, seguimos
Pelos rumos do infinito, e te recitando um verso,
Amo-te perdidamente, e sei que seguiremos
A nos amarmos até os confins do universo...
* * *