A CONDENAÇÃO DO AMOR
Sinto o que presumo: a chuva não resolve minha estiagem;
Para devolver o verde dessa paisagem, só um inverno rigoroso;
Quisera esse planalto rochoso tornar-se aplainada paragem;
Facilitando a viagem de um destino amoroso!
A crueldade dessa gélida ventania não pode abrandar tanta fervura;
Lavas de ternura vão devastando o que encontram pela frente;
O amor é quente e seus vapores asfixiam toda amargura;
A solidão que lhe tortura é como um cataclismo insurgente!
O sol perde seu trono quando comparado ao meu anoitecer;
Já não consegue me aquecer e nem promove um advento renovado;
É um navio estacionado, um sangramento estancado do viver;
Brilhar pra ele é te ver, porque teu beijo lhe restaura o reinado!
Pior de tudo é ser o melhor de um grande nada;
A chama está gelada e as labaredas vão nevando pura alucinação;
Imagens da solidão que dá a tudo as formas de minha amada;
Como se fora eterna estrada de um condenado coração!
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