A Alma da Lua
 
 
Quadro pontilhado por seres opacos,
mas no fundo, sobre o escuro manto celeste,
os muitos pontos de luz, brilhantes do céu.
Estrelas e planetas, pequenos faróis do infinito.
Fixa num ponto, surge uma idéia, emito um sentir.
E então ouço o silêncio, e este omite notas musicais.
Música da noite, tons de noite, quadro noturno.
Brisa suave que traz o perfume de flores afoitas.
Sonha-se com a poesia, ilude-se com a filosofia.
Pudesse ter asas, escolheria um voo sem destino.
Avançaria para o horizonte como se o abraçasse
e ali encontrasse todo o afeto que sempre almejei.
Penumbra da cordilheira que guarda os raios da lua.
Lua que é atriz principal de uma peça sem drama.
Suave sensualidade, o amor visita os sentimentos.
O sangue ganha velocidade, desvenda veias e artérias.
O coração pulsa feliz, soa com força no peito.
Gostaria que houvesse uma chuva fina,
seria como que batismo enviado pelo Criador.
Haveria de lavar o rosto sonolento,
haveria de acariciar a epiderme acanhada.
E na solidão dos que vincam trilhas da noite,
veria as ruas se abrirem e a cidade a convidar-me.
Seriam suas luzes artificiais a disputar com as naturais.
Caminho sem parar, como se os pés fossem incansáveis.
Já a lua, após enviar suas emanações,
agora se veste com os sensuais trajes de nuvens.
Adorna com tons prata o azul escuro do céu urbano.
Convido-a para ouvir minhas confissões,
mas hoje não, ela quer apenas namorar.
Quer apenas seduzir com sua graça feminina,
quer desafiar quem está no chão a querer voar.
Quer fazer quem é adepto da razão, ir além.
Quer convencer da necessidade de sonhar,
quer explicar a força da esperança.
Quer mostrar a graça da noite e o vigor do céu.
Quer fazer com que o corpo humano
Se enamore pela alma da lua. 

 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 15/11/2009
Reeditado em 31/05/2020
Código do texto: T1924893
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