DESATINO
Eis que amanhece no espelho outra mulher,
A mesma que me olha e me devolve
E se despe, envolve e me extravia,
Arrebentando choro na pia, que pinga
cúmplice das águas nascentes de mim.
Onde céus minguam as luas
entre nuas mágoas que olhos desaguam.
Será meu destino denunciado,
por delito, caos, contravenção?
Diga então, onde ponho o grito?
Pois permanece todo aflito o redor, e
chamo meu nome baixinho,
Entre soluços de fome; carinho.
E como qualquer (toda) mulher,
Assim de manso me enlaço,
dá um cansaço gostar de mim nessas horas,
Inda mais dessa que chora...
entre todas me olhando no espelho;
famintas, pulsantes, santas e amantes.
São todas uma. São multidões.
Cujo traço comum faz rasgo no retrato,
e num impacto fecunda a alma.
Gera confissões benditas...que calam.
Como esta, que agora faço,
devorando meu abraço. Aliviando o dano!
Olhando em meus olhos
de uma só vez, dizendo:
Fique quieta...também te amo!