DESATINO

Eis que amanhece no espelho outra mulher,

A mesma que me olha e me devolve

E se despe, envolve e me extravia,

Arrebentando choro na pia, que pinga

cúmplice das águas nascentes de mim.

Onde céus minguam as luas

entre nuas mágoas que olhos desaguam.

Será meu destino denunciado,

por delito, caos, contravenção?

Diga então, onde ponho o grito?

Pois permanece todo aflito o redor, e

chamo meu nome baixinho,

Entre soluços de fome; carinho.

E como qualquer (toda) mulher,

Assim de manso me enlaço,

dá um cansaço gostar de mim nessas horas,

Inda mais dessa que chora...

entre todas me olhando no espelho;

famintas, pulsantes, santas e amantes.

São todas uma. São multidões.

Cujo traço comum faz rasgo no retrato,

e num impacto fecunda a alma.

Gera confissões benditas...que calam.

Como esta, que agora faço,

devorando meu abraço. Aliviando o dano!

Olhando em meus olhos

de uma só vez, dizendo:

Fique quieta...também te amo!

Mirea
Enviado por Mirea em 14/11/2009
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