O Tempo e o Beija Flor

Curvei-me diante do dia
O tempo foi e voltou
Usei de nova magia
Transformei-me em beija-flor!

Voei por muitos jardins
Atento ao apelo da pena
Que desenhava pra mim
Imagens que compunha serena!

Um velho retorna menino
Sem sombra em si suspensa
Interfere no circuito do destino
Sem dor na memória imensa!

Suas lágrimas agora radiosas
Florescem em formosura
Regando flores viçosas
Entre perfumes e venturas!

Noutro jardim, mãos se encontram
Uma nova história recomeça
Duas belas e jovens criaturas
Reescrevem a vida em ternura!

Uma vida onde o amor perdura
Em doce surpresa conquistada
Qual rosa fresca desabrochada pura
Na alvura da manhã raiada!

Vôo para outra roseira
Onde contemplo a poesia ensimesmada
Junto ao som festivo da cachoeira
Somente a doce fala da namorada!

“Amo-te tanto, amo-te a cada instante,
Amo-te com a mais nobre verdade,
Amo-te como amigo, como amante,
Amo-te com candura e realidade!”

E assim pousando de flor em flor
Desvendo mistérios do coração
Sinto a fragrância intensa do amor
Insemino a vida em paixão!

Diante dos olhos vigilantes do tempo
E o brilho do amor imenso
Admiro e venero o sol nascente
Que ilumina o breu da nova porta aberta em frente!

Eu inseminando a boa semente
E o tempo voltando lento, indulgente...
A pena corrigindo a história
O universo conspirando, guardando tudo na memória!