Bem-me-quer, mal-me-quer

Nosso amor foi brincadeira
De bem –me –quer, mal-me-quer
E cada pétala da flor
Que indolente tiravas
Era um pedaço do amor
Que ao chão tu jogavas
Com as pétalas iam saudades
Iam a paixão e o desejo
Ia a lembrança de um beijo
Que um dia foram verdades
Nas noites em que fomos um
Voláteis, os corpos suados
Sem conhecer tempo algum
Na pele o amor exalado
Ficaram na alma selados
Teu gosto, teu cheiro, o afã
De todos os desejos sonhados
Na tênue luz da manhã
A dizer do amor que vivemos
Em gesto, tato, saliva
Na forma que nos queremos
Na ânsia que ainda está viva
E tudo jogastes ao chão
Como a flor despetalada
Como se tudo fosse ilusão
A transformar tudo em nada
Vertidas todas as folhas
Entornada toda ilusão
Devias desculpas à flor
Por não escutares a dor
De quem te deu o coração