Distância

Como eu queria,

te levar oculta onde vou

e presentearte toda a chuva

de um dia assim,

susurrar no teu ouvido coisas

que nem o vento pudesse ouvir,

matar a pressa,

a angustia, a razão

ai, meu amor

e amarte aqui.

Como gostaria,

ganhar asas e ver o mar,

delineando a irrealidade

de teu existir,

juntar suspiro e solidão

quando o olvido deve partir,

como eu queria desde onde estou

ai, meu amor

fazer-te feliz.

Eu adoraria

afogar a sede, a idade, a dor,

reconquistarte

com o que resta por dizer,

unir dum golpe minha ansiedade

e a curva suave de teu sofrer,

Se eu pudesse desde onde estou,

ai, amor,

fazer-te gemer.

Se eu pudesse desde onde estou,

fazer-te sentir

não haveria ardores

que violentar,

nem vagabundas

que consentir,

armaria de fogo a dignidade

com a ténue brisa de um mês de anil,

alimentaria a claridade

de uma esperança

ainda por vir,

Se eu pudesse desde onde estou

ai amor, fazer-te sorrir.

Se eu pudesse desde onde estou

fazer-te feliz,

acenderia a cidade e o sol

com a luz cálida de teu sentir,

salvaria o beijo que perdi

perderia o sitio para fingir

viajaria em tua boca e teu coração

quando o desejo me faz ferver

se eu fosse capaz,

desde onde estou,

ai amor, poder te sentir.

Daniel Dantas
Enviado por Daniel Dantas em 13/11/2009
Reeditado em 24/11/2009
Código do texto: T1922178