AMOR, RESTA O SEU NOME...

O mundo, cá dentro implode,

Estouram-se minhas luzes,

Estuporam-se meus restos;

As sobras, bicam os abutres...

Ah, esses loucos regaços!

Dessas memórias disformes,

Desbotadas, aos pedaços;

Pousam cansadas, conformes

Asserenam-se as partes

Em que mais não presto

A negra noite faz sua arte

Ao corpo que lhe empresto

A mente também se arrebenta;

Desvanecem-se as cenas novas,

Variam as antigas, em cinzentas

Somem ao lodo, as últimas trovas...

Misturam-se os paradeiros,

Os direitos rumos das retas

De fora, já sou um forasteiro

Isolado de ações ou metas

Tudo, tudo em mim repousa;

Até a sombra já me some

Nem mesmo aragem ousa...

E, ainda assim, resta o seu nome!

Dou-me ao moinho do universo,

Que me retorce, me consome;

Aniquilo-me, exposto ao reverso,

E, ainda assim, resta o seu nome...

Mesmo que falte

Um "eu" a mim,

E, ainda assim,

Resta o seu nome...