Surreal
Ao fundo, águas de um rio
Espelhavam estrelas que, inutilmente,
Buscavam o brilho maior da noite.
Através da vidraça da varanda,
Luminárias, prédios e igrejas com suas alturas, brilhos e arquitetura
Tentaram... Tentaram... Mas não conseguiram ser a beleza maior.
Despidos de qualquer ornamento,
E vestidos apenas da verdade de suas essências,
Dois corpos unidos,
Encantavam o Criador com uma dança sensual,
Com rodopios miraculosos e suavidade ímpar.
De fundo musical apenas sussurros, gemidos, soluços.
Vozes roucas a derramar rosas.
Tentativa de trazer toda uma vida para dentro de uma noite.
Mãos que se buscavam numa ânsia quase desesperada por algo
Que viesse a suprir seus desejos mais verdadeiros.
Bocas a passear pelo corpo...
A encher-se...
A sugar...
A saciar-se...
Olhares que se completavam e repousavam ora em um... ora em outro...
Sorrisos de cumplicidade.
Silêncio melodioso.
Abraço de almas.
No beijo, a ternura.
No toque, a emoção.
No cheiro, a magia.
Nada que estivesse além daquela vidraça
Conseguiria ser mais vivo, belo ou surreal.
O que o oceano não separou.
Dois corpos.
Duas almas.
Um começo.