sou que sou
Sou "palhaça" em meio as graças de tantas desgraças,
fere o peito o riso que vejo em faces escuras,
estranho convívio onde a fera devora inocentes
e comemora vitória com gritos invadindo ruas.
Acaso escreveram em mim o nome do santo
que desfez da alma que vivia encantos?
Sou "palhaça" sem picadeiro, sem meios, sem inteiros,
abro as janelas procurando o jardim que o sol cuidou,
fora de mim não há sentença que dite o fim
do sabor amargo que o beijo da morte meus lábios tocou.
Acaso estarei perdida em tosca inocência
acreditando ser justa as mãos que pousam sobre a mesa?
Sou "palhaça" sem graça buscando pelos palcos meu chão,
em picadeiro de mentiras me vejo nua, sem ilusão,
pés descalços, desfilando ruas
nas vozes mortas que para vida gritam não.
25/05/2006