Onde anda meu amor?
Por quantas anda o amor que não vi partir?
Seria a vida levantada no pó da estrada que percorri
pensando ter encontrado o caminho seguro,
ou a alma lamentada em dó na partitura declamada
por bocas caladas nos beijos que não recebi?
Levantei a bandeira anunciando à chegada,
sorri meu lema em face triste, cansada,
trouxe o sol de um outro tempo qualquer,
troquei a pele, desfiz meus nós,
vesti a força que alimenta meu corpo mulher.
Equilibrei-me em saltos ajustando os desejos à pele ardente,
entre dentes, pronunciei o adeus sem vontade de partir,
vi-me insana nos reflexos da lágrima que por terra deixei cair
germinando o rio que livre das correntes segue seu curso,
sem saber ao certo o destino que aguarda anunciando o fim.
Ao olhar a vida nos olhos amados de um anjo de paz
refiz a aliança nas promessas trocadas entre céu e mar,
toquei as ondas que traziam de longe a tormenta
anunciando a tempestade que chegava,
sem pedir licença com seus brados mortais.
Desenhei novo céu dando-lhe a cor de tudo que sentia,
fechei a janela despedindo a tempestade que me invadia,
sonhei madrugada adentro pela noite onde pedi por paz,
abracei o sol que no escuro do quarto
oferecia o novo na entrega total onde amanheci amor.
24/06/2006