AS ARANHAS DA VIDA
AS ARANHAS DA VIDA
Sorrateira, a gentil senhora
Despertava em toda gente
Desejos de bem querer,
Com dissimulada inocência.
Volúpia bem disfarçada.
Com ares de faz de conta,
Dizia nada querer,
Enquanto ardente esperava.
Qual donzela encasulada,
Sua teia preparou.
Amante fácil aguardava,
A vítima que se encantou.
Nada queria a princípio.
Só tinha a oferecer.
Sugou dos pés a cabeça,
De tudo quis aprender.
Sem pudor se ofereceu,
Abriu se lambuzou e lambeu
A vida de incauta presa
Qual incansável devassa.
O que restou foi tão pouco,
Que nada se pode fazer,
E a aranha continua,
Na mesma teia a tecer.