CASO DE AMOR

É caso de vida que precisa ser-me apresentada urgentemente;

Para acalmar um coração doente, vendido aos gritos do silêncio;

Descer ao ar suspenso quando o encharcado lenço decifra o suspense;

Querer perder para que vence – é caso de amor imenso!

Tal como o desagravo do primor que seu palco reivindica;

Como a dúvida que explica e o trilho tortuoso que destina;

Porque é caso que agride a retina no ponto em que seu brilho vivifica;

É caso de conserto que danifica, de ponderação que desatina!

E um tanto mais percorre além de suas transbordadas amplitudes;

Negando às solicitudes o fim do mal que tanto bem lhe faz;

Inventa tudo quanto jaz e brada ao nunca mais pra que lhe expulses;

Porque é caso de pesadas cruzes, amor guerreiro audaz!

Não há como negar que seja exatamente o caso que já disse ser;

Viver às custas do morrer, nutrir com base esfomeada;

Defrontar o paladar dos lábios de enseada, causar eclipses no entardecer;

É caso do poeta enlouquecer por tanto bem querer à sua amada!

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