MAGIA

MAGIA

J.B.Xavier

Paro assombrado ante a fortaleza da alma feminina,

Cujas motivações vertem de profundezas abissais.

E diante deste sanctum ajoelho-me em humilde reverência

Homenageando o lícor que se derrama dessa cornucópia farta

Em volúpia, constância, força, firmeza e amor...

Então banho-me nessa fonte revigorante que me remodela vontades,

E faz-me senhor de todos os meus instintos...

Abandono-me às irreconciliáveis contradições que me assolam a alma,

Nessa luta interminável entre o animal e o divino,

Ora rasgando com garras afiadas o fino tecido da existência,

Ora restaurando o equilíbrio que mantém a vida!

E nessas batalhas ensandecidas entre o céu e terra,

Paira o gesto aveludado da palavra que alicia enquanto instiga,

Do gesto restaurador, do toque suave da fêmea gentileza...

Recolho-me às quase inacessíveis montanhas de minhas contemplações,

Enquanto observo com que facilidade derretem-se os cadeados de minhas fortalezas

Ante o toque agradável, deleitoso e brando

De um simples sorriso cujo poder põe abaixo minhas muralhas...

Ah! Mulher! Com que sagrados óleos ungiram-te os deuses?

Com que condão misterioso, com que virtude especial foste batizada

No sagrado rio da proficiência em encantamentos e irresistíveis seduções?

Deito-me, enfim, entre gentis cetins, repousando o corpo cansado das batalhas,

Na recâmara perfumada por essências mágicas e divinais,

E mergulho no sono restaurador sob o toque hipnótico e cândido da magia.

Desfaço e reconstruo minhas torpes e elevadas intenções,

Enquanto esmoreço, vencido por mãos cuja delicadeza embriaga e desatina...

E quando enfim, desperto restaurado, para um novo dia,

Paro, assombrado, ante o poder da alma feminina!

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 11/11/2009
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