Defronte Eros...

- Por que tu foges deste amor, tão triste?

- Não ouves? Dizem-me os ventos da noite...

-Que dizem os ventos, que teus beijos ouvem?

- Sopram o teu lamento...

- Não rias, infame, estou perdida a tempos!

- Não ouso querer-te. Desejar-te é um dano...

- Olha em meus olhos...

- Não hei de fitá-los, de novo.

- Tens medo da queda?

- Da desgraça e do gôzo...

- Mas quanto possas desejar tal mulher, de mil jeitos?

- Desejar-te não é o bastante...

- Teus sentimentos são enganos...

- E os teus são tão profanos!

- Imunda é aquela que foge dos sentidos da paixão...

- A mais imunda, longe de tí, não entrega seu coração...

- Então entrego-te, agora, e tão somente...

- Não faças isto! Tamanha a dor que tua alma sente...

- Prefiro dizer-te a morrer de tanto amor...

- Amores tamanhos matam a alma, desatam-na de dor...

-Mas já é tarde, nosso tempo se finda aqui...

- Benditas horas e instantes, quando fixaste teus olhos em mim...

- Adeus e, de certo, verei-te noites e noites em tormento...

- Não diga adeus... Quando lúgubres sonhos recostarem teu leito, vê nos olhos do anjo, que protege teu peito: serei eu...

- De sonhos e de efêmeras horas tecerei as madrugadas...

- Da saudade dos lábios teus construirei as minhas asas...

-Serás meu anjo...

- Eu já o sou! E serei, sempre, meu amor!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 10/11/2009
Reeditado em 10/11/2009
Código do texto: T1916563
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