AMOR ABENÇOADO

Não me arrependo de tê-la conhecido.

Sei que jamais amei tanto. E por ela

Suportarei todos os tormentos prováveis.

Chego mesmo a abençoá-los, pois estou convencido,

Que por gratidão eu devo amar tão encantadora mulher.

Devo! Porque ela fez desabrochar em meu ser,

Sempre tão árido e tão estéril, uma flor:

A flor da certeza no amor,

Bela como o seu rosto suave,

E perfumada como o seu corpo.

Devo! Porque ela fez estremecer no horizonte

De minha vida sempre tão escura,

Tão em trevas, tão tempestuoso

Uma aurora.

Aurora multicolorida como o amor

Intensa como o olhar,

Serena como o sorrir,

Fascinante como o pulsar da alma.

Eu, pois a amo!

Amo-a, qual ama o náufrago

A derradeira tábua no navio despedaçado,

A que se prende para escapar à morte!

Amo-a, como um homem aprisionado

Ama o anjo da libertação, cujas asas

Da esperança se possa agarrar.

Eu receio estar cometendo um sacrilégio.

Eu tenho receio que o céu me penitencie,

Porque ouso pensar que sou amado!

Meu Deus! Se isso não é verdade,

Deixa-me ir gozando meus dias,

Embalado em tão doce mentira.

Já agora viver sem essa deliciosa ilusão é impossível.

É o único sacrifício que eu não faria a amada.

Amo-te!